sábado, 9 de janeiro de 2016

[Geek Tales] - A Peregrina Errante: Piloto

É possível ouvir o trotar lento de um cavalo na estrada

O cavalo é branco e possui algumas manchas acastanhadas. Em suas costas se encontra uma amazona encapuzada, que mantém sua cabeça abaixada devido ao forte vento frio que bate contra seu corpo



Além da amazona, o cavalo carrega alguns sacos. O cavalo também mantem sua cabeça baixa e se deixa ser guiado por ela

Eles passam pelos portões do reino a sua frente. A cidade está quieta devido ao frio, ninguém está nas ruas, mas é possível ouvir pessoas rirem, música e copos quebrados nas janelas acesas das casas, bares e estalagens

A amazona não olha para os lados em momento algum, nenhum som lhe chamava a atenção ou fazia alguma diferença, nem mesmo o ambiente quieto, ela só queria chegar ao seu destino: o castelo

Os guardas do castelo seguraram seu cavalo assim que a amazona desceu e pegou os dois sacos grandes das costas do animal. Nenhum guarda impediu sua entrada no castelo

As portas se abriram e o clima lá dentro era bem diferente do clima externo. Enquanto lá fora ventava e caía uma neve suave, onde pequenos flocos tocavam o manto da roupa e derretiam logo em seguida, quase como se fossem gotas de chuva. Dentro do castelo acontecia uma festa muito animada, com risadas, bebidas, mulheres despidas e alguns casais se agarrando nas paredes, mas nada disso desviou o olhar da amazona encapuzada que acabava de chegar sem ser anunciada

A medida que o cavaleiro ia andando, as pessoas paravam de rir, de beber ou de fazer seja lá o que estivessem fazendo, para observar aquele ser estranho e, de certa foram, sinistro

Quando ela se aproximou do trono do Rei, este parou de gargalhar, colocou a taça de lado e olhou meio surpreso



"Minha dívida está paga"
Disse a amazona. As pessoas da festa se surpreenderam. Ela esticou as mãos e jogou os sacos a frente. Os sacos rolaram e apareceram duas cabeças com os olhos arregalados e a boca aberta. A expressão de uma das cabeças, que pertencia a uma mulher, era como se implorasse por misericórdia antes do golpe final

Muitos convidados levaram a mão a boca, alguns vomitaram, umas mulheres gritaram e o Rei apenas olhou para ela seriamente, enquanto ela tirava o capuz e o encarava com seus gigantescos e brilhantes olhos azuis

***

Há muitos anos atrás, na época em que existiam cavaleiros, príncipes, princesas, nobres, servos, reinos e onde seu sobrenome poderia trazer consequências positivas e negativas a sua vida, uma época onde o mundo era completamente governado por seus reis, as únicas pessoas que eram livres para fazer seu próprio destino, eram os cavaleiros errantes

Os cavaleiros errantes não deviam nada a reino algum, a não ser que queiram. Eles andam pelo mundo procurando por algo que, algumas vezes, nem eles mesmos tem certeza ou, devido ao tempo, se esqueceram. Mas na maioria das vezes, eles carregam seus objetivos por longos anos sem nunca esquecê-los e sem descansar até alcançá-los

Entre esses cavaleiros errantes se encontra Fontai'n




Fontai'n é uma garota que aprendeu a sobreviver por conta própria, abandonando seu sobrenome e sua família, vivendo sem um reino para protegê-la. Para uma mulher viver como uma amazona errante, era uma tarefa muito perigosa, pois os homens a enxergavam apenas como objetos

Muitos homens enxergavam Fontai'n como uma mocinha perdida que precisava de "cuidados", uma vez que a jovem tem uma aparência doce e delicada, com seus longos cabelos pretos levemente ondulados, uma pele levemente bronzeada e grandes olhos azuis e brilhantes que lembravam duas pedras preciosas

Os lábios de Fontai'n parecem cuidadosamente desenhados em seu rosto e suas mãos são finas com dedos compridos. Muitos a chamavam de anjo ao longo de sua caminhada e Fontai'n detestava isso. Ela odiava elogios genéricos

Fontai'n cavalgava tranquilamente pela estrada em seu cavalo marrom como a terra. Cavalo que fora roubado de uma antiga estalagem onde havia parado para beber um pouco de vinho e se alimentar de algo melhor que pão velho

O dono do cavalo tentou segui-la, tentou até mesmo atirar uma flecha, mas passou longe, pois o homem estava bêbado e enxergava três Fontai'ns e não conseguia saber qual era a verdadeira



Ela cavalgou o mais rápido que pôde, para o mais longe possível, mesmo sem ter um rumo certo, ela só sabia que tinha que ficar longe do antigo dono do animal. E foi assim que Fontai'n acabou chegando ao Reino Buttier

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História original de Paula Rodrigues

Ilustrações de Tiago Alves da OnDesign


Para mais episódios, na ordem correta siga para a aba Geek Tales


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