John Green, através do seu personagem Quentin Jacobsen, disse algo sobre milagres na vida das pessoas. Eu, de início não entendi muito sobre isso, mas lendo o livro, percebi o que quer dizer e o que significa e assim como Margo Roth Spiegelman foi o milagre de Quentin, eu descobri que eu também tenho um milagre personificado. Bom, já deu pra perceber (ou não) que a resenha de hoje é referente ao livro Cidades de Papel.
Confesso que achei ridículo o milagre do cara ser uma garota, mas depois que entendi o significado, percebi que o meu milagre também se trata de uma pessoa. Não vou citar quem é, desculpe, mas sou apenas uma garota de papel, vivendo numa cidade de papel com uma vida de papel.
Pois é, pensei muito sobre o que seria ser uma pessoa de papel e entendi que todos nós somos de papel, não tem como explicar em palavras o que de fato é ser de papel. Ser de papel é como um sentimento, afinal como você explica alegria, amor, tristeza, cada pessoa tem a sua definição para cada um desses sentimentos e por isso não consigo explicar em palavras o que é ser uma garota de papel.
Bom, para você saber se você teve um milagre na sua vida, e se o responsável foi um fenômeno natural ou uma pessoa, um milagre é aquela experiência que fez você perceber o que você realmente é e o que você realmente quer da sua vida. Sim, tenho que dizer que uma pessoa foi responsável pelo meu milagre e eu não sei exatamente se eu me incomodo com isso ou não. Acho que posso até agradecê-la de uma certa forma rs...
Porém eu não agia do mesmo modo que Quentin fazia com Margo, o que aliás, é um outro ponto que eu queria colocar em discussão após ler esse livro: a idealização de pessoas.
Cidades de Papel trata desse assunto de maneira bem sutil, afinal, é algo que fazemos, muitas vezes, inconscientemente.
Sabe aquele cara (ou garota) que você era super afim e acabava imaginando-o como um cara incrível, sorridente, popular, muito mais poderoso que você, de forma que você se sentia tão inferior a ele que nem tentava conversar achando que você não era digna disso. Pois é, você "endeusa" a pessoa, coloca num pedestal, quando na verdade, ele é só um ser humano tão simples como você e provavelmente com muitos mais defeitos e muitos problemas que você nem sequer imaginava.
Quando a pessoa está longe, você imagina a vida dela como algo perfeito, mas quando você se aproxima e a conhece, você nota que a pessoa possui defeitos que, muitas vezes, se tornam insuportáveis e isso acaba com seu encanto, porque quando você se aproxima, você acaba conhecendo. Uma pessoa que muitas vezes pode não te agradar. Ou até mesmo a pessoa pode se aproveitar que você a coloca num pedestal e tomar essa posição, te usando para momentos de carência, para mostrar aos outros que está podendo e para ter alguém ali que a fará se sentir a dona(o) do mundo sempre que estiver se sentindo mal.
Enquanto isso, sua esperança de um dia ficar com a pessoa, só aumenta. E eis que você está no conhecido "friendzone".
E é nesse assunto que o livro se destacou pra mim.
Eu acreditei que seria um livro clichê, mas como era John Green, eu pude esperar de tudo no final desse livro e olha... eu me surpreendi. Mesmo fazendo tantas possibilidades de um final, John Green conseguiu colocar um final que eu realmente não esperava e foi ali que eu entendi o que ele quis dizer com coisas de papel. O final te faz refletir sobre várias coisas.
Eu ainda não vi o filme pra saber se ele capturou a mesma essência, mas eu me apaixonei por toda a história.
Cidades de Papel também é um livro investigativo
E o que me deixou mais impressionada não foi o fato de investigar um crime, um rapto, talvez um desaparecimento, mas, na verdade, o que ele estava buscando, mesmo que inconsciente, era sua própria vida, a busca pelo seu eu, pela realidade, pela desilusão, por tentar ser mais do que apenas uma pessoa de papel.
Assim como A Culpa é das Estrelas, esse livro não fala só de um romance adolescente. Porque eu acho sim, que o mundo precisa de mais personagens humanos como Hazel e Gus que são doentes. Ou seja, nada daqueles personagens fantasiosos que você gostaria de ser, mas nunca será porque não combina com a realidade. Aliás, ainda procuro por um livro que a protagonista esteja acima do peso que é considerado bonito para a sociedade, mas não uma história onde ela sofra e só quando fica magra que ela é feliz, quero a história de uma garota acima do peso que continua assim e é feliz assim. Se alguém souber de algum, por favor, me indiquem.
E como era de se esperar, Cidades de Papel também quebra esse conto adolescente não real, mas se eu contar o final, vou acabar estragando a surpresa, pois por mais que eu achasse que fosse um clichê, eu estava muito enganada. Confesso que eu não gostei muito da Margo, achei ela dramática, exagerada, um pouco egoísta e sem noção, mas isso não estraga o livro, nem um pouco, só acho que ela poderia resolver as coisas de modo mais racional.
Talvez ela ter essas qualidades seja a intenção de Green e talvez, eu não ter gostado muito dela, pode me ter possibilitado observar todas essas outras coisas.
Bom, por fim, Recomendo demais Cidades de Papel. É um livro de fácil leitura, não clichê e cheio de brechas para refletir sobre sua vida de papel.
Beijos, boa leitura e que a força esteja com vocês!
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